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Por Lucas Sanches, CIO, DB Schenker Brasil
O ritmo das mudanças tecnológicas é constante em todas as esferas da vida, e tem acelerado cada vez mais. Antes, as revoluções tecnológicas costumavam acontecer uma vez a cada século, agora elas parecem acontecer a cada década e, em alguns casos, a cada ano. A logística global e as cadeias de suprimentos não estão imunes. Na verdade, a indústria está preparada para uma mudança de paradigma, mas caberá aos players do mercado se posicionarem de forma a se manter relevantes nessa nova perspectiva.
A nossa logística vem de um modelo de mais de 100 anos. À medida que a demanda por produtos aumenta, a capacidade para transportá-los também se expande: maiores navios, mais TEUS/contêineres, etc. Em paralelo, notamos uma tendência de aquisições entre os concorrentes, e a previsão de um cenário com apenas quatro ou cinco grandes players no mercado em 2020.
Esse processo de aquisições não muda o cenário logístico geral, mas cria preocupações e dificuldades, já que com menos players teremos um poder concentrado sobre o mercado. Em contrapartida, maiores equipamentos disponíveis munidos de tecnologias mais inteligentes. É um novo cenário que afetará exponencialmente a forma como cada empresa vai se posicionar e competir no mercado futuro.
Neste novo panorama, veja aqui algumas das tecnologias inteligentes que estão transformando a logística:
Blockchain e Internet das Coisas (IoT)
Em sua essência, Blockchain é uma maneira de distribuir informação. Blocos de informação são distribuídos e acessados por diferentes pontos centrais, chamados de ‘nós’, que suportam essa rede. Essa é a tecnologia de base por trás dos Bitcoins, e sua rápida adoção demonstra que a tecnologia pode ser muito útil, não só para o setor financeiro, mas para as mais diversas indústrias.
Blockchain é uma solução que avança no setor de logística. A tecnologia Blockchain oferece uma forma de verificar todas as etapas do processo, como o transporte de um produto em toda a cadeia de supply chain, possibilitando o envio de dados por todos os participantes da cadeia, reduzindo etapas de fiscalização, resultando em maior transparência e segurança em todo o processo logístico. Além disso, as redes Blockchain auxiliam no rastreamento de fraudes, extravios, furtos e ações maliciosas, e por consequência, facilitam as etapas de fiscalizações de ponto a ponto. Todas as informações ficam armazenadas na rede Blockchain e são acessíveis por meio de chaves criptografadas, que protegem o conteúdo de usos indevidos. Para a indústria logística, é um cenário de grande evolução.
A Internet das Coisas é a capacidade de qualquer equipamento ou aparelho se comunicar com a rede mundial de computadores e fornecer dados. Em 2017, a cada segundo, 11 milhões de itens foram adicionados à internet. A previsão é de que, até 2020, teremos 50 bilhões de equipamentos conectados à internet.
A Internet das Coisas ou IoT (Internet of Things) aliada ao Blockchain, esta redefinindo o mercado industrial, e o impacto é iminente para empresas de logística globais. Por exemplo, a crescente inserção de sensores em todos os ambientes de supply chain, irá inundar os sistemas correlatos – via Blockchain ou não -, de novos dados extremamente valiosos para a tomada de decisão e acompanhamento do processo logístico como um todo.
Caso em questão: uma carga de Vacinas é enviada da Alemanha com destino ao Brasil. À carga sensível são adicionados sensores que monitoram as condições durante o transporte, e os sensores estão conectados à internet (parte do IoT). Dados, como posição, temperatura, umidade e o responsável atual pela operação em movimento, são transmitidos de forma segura para à rede Blockchain. Ao final do processo, quando o cliente no Brasil receber a carga de vacinas, ele poderá requisitar à rede Blockchain, rapidamente, todos os dados relativos ao transporte da carga usando a chave de descriptografia. Desta forma, garantem que as vacinas foram transportadas com segurança e poderão ser utilizadas. Esse cenário transfere a ciência e controle da informação para uma cadeia web de informações seguras, a rede Blockchain; que antes era do Exportador, Agente de Carga e Operadores Logísticos. Estas tecnologias são poderosas aliadas da indústria, permitindo que decisões sejam tomadas de uma forma imediata e eficiente, identificando falhas, facilitando manutenções, e reduzindo riscos ao longo do processo.
Impressão 3D
O ambiente de impressão 3D também muda o cenário da logística, por exemplo, na indústria de Aerospace. A teoria é que a produção seja o mínimo possível de forma centralizada, colocando-a para mais perto do cliente, assim, reduzindo prazos de entrega, tempo e custo de envio, facilitando a produção e personalização.
A impressão 3D pode parecer uma ameaça às companhias logísticas, mas na verdade, a tecnologia promete avanços e oportunidades para as empresas do ramo logístico. Com a impressão 3D a produção pode ser imediatamente reduzida ou aumentada, de acordo com a demanda. Isso pode reduzir tempo e desperdício de produção. Peças ou produtos acabados podem ser fabricados no mesmo armazém onde são armazenados. E à medida que a demanda aumenta ou diminui, a produção e o armazenamento podem ser transferidos para áreas com maior demanda regional – algo que seria proibitivo ou impossível com a fabricação tradicional.
Robotização
A logística tem experimentado uma significante quantidade de robotização, principalmente em operações de Warehouse. A tendência é um rápido aumento no uso de robôs para mover materiais ou para a coleta e replicação de informações em sistemas. Os Bot’s, como são chamados os robôs virtuais que simulam a atividade de um usuário, vão ganhar força e, cada vez mais, irão substituir os operadores humanos em atividades operacionais de baixo valor agregado.
Veículos autônomos:
A utilização de veículos autônomos em armazéns, centros de distribuição e em toda a cadeia de fornecimento é uma tendência forte para os próximos anos. Na Alemanha, por exemplo, já existem projetos integrados entre fabricantes de caminhões e operadores logísticos para utilização de comboios de caminhões em modo semiautônomo: o primeiro caminhão é dirigido por um motorista e todos os demais seguem o caminhão à sua frente, por meio de sensores, localização e câmeras de alta definição. Iniciativas como essa tendem a mudar em pouco tempo, de forma bastante relevante, o ambiente de logística e a perspectiva de custos que temos atualmente.
Big Data
O conceito de Big Data já está profundamente integrado em diversas áreas de negócios, especialmente em operações de e-commerce e varejo. Considerando as diversas inovações e melhorias tecnológicas já mencionadas produzem um imenso volume de dados, muitos dos quais anteriormente não estavam disponíveis, podemos esperar que o Big Data transforme a logística também. A capacidade de tomar decisões com base em informações corretas – não pressupostos passados ou práticas desatualizadas – sem dúvida levará à próxima onda de inovações em nossa indústria.
Navegando na Revolução Tecnológica
À medida que a indústria da logística sofre mudanças sem precedentes, as tecnologias inteligentes são poderosas aliadas da indústria, trazendo integração de vários processos, automatização, identificação de falha em tempo real, redução de custos, tomada de decisão com base em informações reais.
Nesse cenário de revolução tecnológica e evolução global na indústria, outras inovações e tecnologias futuras surgirão e precisarão ser adaptadas e integradas. Essas inovações produzirão ainda mais dados, que precisarão ser analisados. Soa caótico? Realmente é, e não será algo temporário. Esse deve ser o cenário daqui para frente. Caberá as empresas e seus líderes um posicionamento adequado frente a todas estas mudanças. O resultado? Melhor informação, tomada de decisão, eficiência e rentabilidade e, por fim, melhor atendimento para nossos clientes.
Lucas Sanches é CIO na DB Schenker Brasil. Administrador de Empresas, com especialização em Gestão de Projetos e MBA Executivo, Lucas está há mais de 13 anos atuando nas áreas de Tecnologia da Informação em empresas multinacionais.